sertão.

- ôua, veizin, cê fraga joão gateno, fí de tiranga?
- tô lembrad' não moss. quem é?
- a moss, é amigo alí daques minin' lá de cima, per do parque?
- qual parque?
- moss, quantos parque tem aqui?
- dois uai, parque munispal e parque dispossão!
- tirano cabeça de boi né? _______ moss, joão gateno, cê cunhés êl' !
- moss, tô lembran' não.
- tá sim. fí de tiranga. da pampinha. primo daquel' minin' que casou com a fia de pedrão bulacha.
- casô cum sara?
- é uai, é só ela que el' tem de fia.
- né não, moss. tem aquela otra também, mais moreninha. safada. namorava com flavin de dica e punha chifre nel' cum bilóia.
- ôua! aquela minina é fia de pedrão bulacha também?
- desde novinha.
- sabia não moss, tcê vê?!
- é uai.
- mas joão gateno moss. fi de tiranga. um gordo. da pampinha faltano uma calota.
- joão gateno ou o pai del'?
- o quê?
- é gordo?
- o pai del'. el' mais mag, do top de marquin assim.
- moss, sei quem é não.
- sabe moss, cê só num tá lembrano.
- sei não.
- sabe sim, moss. cê conhes até o pai del', tiranga, da pampinha. gordão. tava aquel' dia lá ni beto cantor. pôs uns verso.
- naquela festinha lá ni beto? nó, tava bom demais. tomamo duas caxa de brama - não, nera não - era bavaria prêmio; uma garrafa pet de fanta daquela pinga de pêd' fulosino; depois mais mêi bacardí e uma urubuzão que os minin' chegô lá.
- ôua! cês é doid'.
- nada moss. depois inda fomo no náite. arrumei uma muié lá - e feia!
- quem era? fala aí nada a ver não.
- não moss. uma guerrera aí.
- é. sei. cê acha que eu num tô ligad' ni quem cê ta rufian' não né? ladrão.
- rara - nada moss - normal.
- ô fera, vou deser alí. tein que ir lá no pernambuco ainda, lá per do poli - buscar uma abelha.
- abelha?
- é moss, pai arrumô ess trem agora depois que aposentou. cismou que é apicultor. comprou umas revistinha, umas caxeta, luva, bota, aquelas ropona pareceno de ir pros planeta. aí mandou eu ir lá buscar essa onça. tô quereno é que esses trem morre logo, vê sel' arruma um trem mais fácil.
- ó gêra moss! que! ques trem!
- falô intão aí dom!
- dom! só porque foi morar ni monscraro já ta falan' igual os bói do majó.
- a, vai furano.
- vira aí que eu furo.
- janete, aquela vaca.
- moss, num póin minhá-mãe no mêi não que eu póin no mêi da sua.


por rafae carneiro (lobaum)

3 Copos na Mesa:

Unknown 5 de novembro de 2010 às 10:46  

Quase precisei de um dicionário!
=]

Lis quer falar 14 de dezembro de 2010 às 17:23  

claps claps claps

Caroll . 14 de dezembro de 2010 às 17:24  

hahahaha

bão tamém!

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Numa garimpagem excêntrica, numa tentativa rústica de identificar o desnorteio (da psique) de um outrem que, em meio a confusão da dor, do ser, do vir e do está é que buscamos os melhores contos, histórias, realidades, fantasias, dramatizações, drasticidades e a honestidade do amargo, na qual somos complacentes do contexto ímpar, porém não único da vida de um HOMEM, de sua "catarse" sentimental diante de um balcão de bar.


Rodolpho Bastos
&
Tim Pires

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