Maçãs de Carnaval


Era doce, mas era só uma maçã. Em cubos, outras vezes fatiadas e muitas outras só cortadas mesmo, sem qualquer forma.

Eu, ela e, às vezes, a companhia de um outro qualquer, todos nós sentadinhos ali mesmo, no chão da cozinha. Enquanto ela cortava as maçãs e dividia comigo, ela também dizia que cortadinhas eram mais gostosas, mesmo sem explicar o porquê disso. Só sei que ela tinha razão!

De fora, quem via, nem via, pois não percebia. De dentro, quem sentia, sentia alegria, pois foram bons aqueles dias.

Era matinal. Dia após dia e, mesmo sendo por poucos dias, ficou pra sempre. E o que era pra ser só mais uma folia errante de ‘carnes’, teimou em permanecer ‘nagente’.

E pensar que eram só maçãs pelas manhãs, na companhia um do outro. Uma imagem tão corriqueira e tão única.

E como uma imagem podia dizer tanto?

Dizia por que era simples e doce, mesmo sendo só algumas maçãs fatiadas. Talvez por causa dela, as maçãs e aquele momento, ou melhor, o mundo, ficou mais primaveril ‘desdentão’.

E o que sobrou disso tudo?

Apenas tudo. Uma imagem, melhor dizendo, uma arte-verdade que pra viver independe da realidade. Uma imagem repleta de saudades!





Dedicado a Marianne Andrade

Numa garimpagem excêntrica, numa tentativa rústica de identificar o desnorteio (da psique) de um outrem que, em meio a confusão da dor, do ser, do vir e do está é que buscamos os melhores contos, histórias, realidades, fantasias, dramatizações, drasticidades e a honestidade do amargo, na qual somos complacentes do contexto ímpar, porém não único da vida de um HOMEM, de sua "catarse" sentimental diante de um balcão de bar.


Rodolpho Bastos
&
Tim Pires

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