Miúdez

É uma Criança.
Uma criança que já quer crescer
e que diz ‘precisar’ crescer.
Já apresenta uma pequena vergonha de ser criança,
de deixar saber que ainda dorme com o gato na cama.
Vergonha por chorar escondido,
no banheiro e no seu íntimo.
Não quer mais ter indiferença por beijos
e não ter de mentir sobre garotas.
Quer crescer, mesmo com medo,
não quer ter medo, mesmo sendo criança.
A mesma Criança que quer crescer
e que recusa o medo de envelhecer,
de empalidecer, definhar, perecer.
Quer apenas crescer,
mesmo pirraçando o irmão menor.
Uma pirraça descomprometida,
sem motivos, sem maldade.
Quer sair, enturmar e dizer pra si,
o quanto já é idêntico
dos muitos que estão por aí.
Quer parar de fingir.
De fingir de sorrir quando é dito
sobre qualquer experiência
de algum tipo,
que o [seu] sorriso fingido te autorizou,
a dizer sim!
pela experiência que nunca passou.
É apenas mais uma criança que quer crescer.
Que diz ‘precisar’ crescer.

Numa garimpagem excêntrica, numa tentativa rústica de identificar o desnorteio (da psique) de um outrem que, em meio a confusão da dor, do ser, do vir e do está é que buscamos os melhores contos, histórias, realidades, fantasias, dramatizações, drasticidades e a honestidade do amargo, na qual somos complacentes do contexto ímpar, porém não único da vida de um HOMEM, de sua "catarse" sentimental diante de um balcão de bar.


Rodolpho Bastos
&
Tim Pires

Afinados

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