Onde as Folhas Dançam

Não. Definitivamente não.
Não tenho simpatia por paradoxos.
Evito comentários de quem se afasta [dois metros], senta na calçada com olhos vazios, pescoço curvado, cabeça cheia do que deve pensar pra parecer não pensar em nada e enjoar do seu próprio timbre de voz, quando afirma – mais uma vez – está bem.
Não gosto do carro de Apolo e concordo serem mais bonitas as folhas secas do outono. Gosto de lideranças, de quem faz questão que seu ‘bom senso’ filtre as ações dos amigos. Porém, prefiro água não filtrada.
Gosto de escritas longas e cansativas, das que lemos em voz alta e dizemos ‘ahan’, quando é perguntado sobre o entendimento, mesmo sendo mentira. Melhor mesmo é ceder à preguiça do que escrever.
Lamento pelo amor e suas irônicas rimas [dor], no arrepio sentido do espirro perdido. E definitivamente não gosto do que ficou no fundo da caixa de Pandora. E terminar sempre foi mais convidativo do que começar novamente.









Por Sanchez

Resgate

É tempo de resgate, de trazer o que foi para ‘ser’ e, portanto, permanecer.
É ver o passado deixar de ser aquilo que não é mais, para continuar sendo e não perecer.
Por que se um dia eu quis ser rebelde, foi para negar meu contentamento de ordem...
E se escolhi o ‘vermelho da igualdade’, foi devido a carência sutil de 'luz' das diferenças...
E se meu cabelo cresceu, foi pra dizer que não dava mais pra ‘podar’ os meus desejos.
E se um dia aquilo que se passou 'era' algo que não é mais, hoje continua sendo aquilo que foi, ao mesmo tempo em que não 'é'.
É ver a inércia do que não muda e do incorruptível ser degradada. Testemunhar o ‘devir’ revelar sua face e preparar o terreno para as ‘metamorfoses andantes’ do dia-dia.
É o passado - que assume o lugar de direito do presente - comumente confundido com o ‘vir a ser’...
O que antes dava assento para o outro, agora reivindica seu lugar de volta.
É ver o modismo demodê da moda, desenterrar motivos para amar e agredir o que não é belo...
É confundir-se com uma Ortodoxia de ‘bermudas’.
É ser reacionário unicamente por reagir.
É conseguir, a todo o momento, fundar um conceito de anacrônico.
É empalidecer com os novos [velhos] costumes, dar espaços as novas [velhas] guerras...







Por Sanchez

Numa garimpagem excêntrica, numa tentativa rústica de identificar o desnorteio (da psique) de um outrem que, em meio a confusão da dor, do ser, do vir e do está é que buscamos os melhores contos, histórias, realidades, fantasias, dramatizações, drasticidades e a honestidade do amargo, na qual somos complacentes do contexto ímpar, porém não único da vida de um HOMEM, de sua "catarse" sentimental diante de um balcão de bar.


Rodolpho Bastos
&
Tim Pires

Afinados

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