Tudo se resume a tão pouco.

Zaap!

Espinho Carmesim


Cansado das mesmas respostas, palavras, desculpas, “sugestas”, argumentos, mecanismos de defesa, da mesma balela, do mesmo “zaap”. Não existe tristeza maior que ouvir repetidamente o de sempre: “nós somos amigos”. E aí? Só isso? Falta uma resposta melhor? Isto te faz feliz? Também não importa. Não importa também se a culpa é minha por sempre abordar “amigas”, não amigas, estranhas, rivais, inimigas ou qualquer coisa que seja. Exaurido! Esta é a palavra que mais identifica meu estado de espírito, justamente pela mesmice, chateação. Consigo até prever com detalhes a resposta alheia, antecipando onde cada vírgula estará empregada na frase. E logo após mais uma batalha lutada, uma saga não vivida, uma história prosseguida numa estrada sem bifurcações, opções, ramificações, lá vou eu todo ardido e cheio de nós no corpo, na mente, na garganta. Num desespero introspectivo só meu, que não se expande, externaliza, manifesta, se libera e que me autoriza a não ser covarde, cúmplice, complacente com minha própria cruz, Karma ou sei lá o que, eu “me vou”.

Sequer tenho uma alegria esporádica, de quem é surpreendido com um presente de Natal ou então da euforia alegre e expressiva estampado no rosto de uma noiva do século XIX prestes a subir ao altar; queria só ter um sentimento desta natureza, unicamente para contrastar, ter uma vida normal, dual, dicotômica entre Dor/Prazer, felicidade/tristeza e tudo aquilo que todos já sabem que existe, porém não agüentam mais discutir ou ouvir.

Em meio a esta turbulência que, diga-se de passagem, anda de mãos dadas com minha futura crise de inferioridade é que vou ao encontro dele, único capaz de me entender, compreender, depreender, absorver, inferir e todos os termos que são viciosamente usados nos enunciados de provas de vestibulares, principalmente na área de humanas, é que tenho minha “alma gêmea”, aquele que faz parceria comigo, teve o mesmo treinamento que eu, mesma educação emocional, preparo sentimental, covardia amorosa, refém da carência masculino e desprovido do orgulho (capital) machista para poder mascará-la com atitudes e pegada. Ele que certamente deve ter sido um garçom numa vida anterior e, consequentemente, ouvido todo tipo de confidência de mal amados, cornos e inadimplentes com a vida não palpável.

Numa embriaguez cintilante e tênuamente obrigatória de vinho que nos permitimos trazer a tona nossas lembranças, rancores, desesperos, infidelidades do lado de lá, inércia e tudo mais que contempla a dor. Uma dor sublime, um tormento capaz de comover até o mais impassível dos corações, deste modo, confundindo todos os meus sentimentos que, a esta altura, já se encontram sinestesicamente deturpados, apresentando-se com uma fugaz singularidade inestimável; uma dor ingênua, cândida, algo que faz minha mente navegar pelo passado, nada distante e, resgatar uma tristeza única, ímpar, do tipo das histórias da Walt Disney quando Mufasa, pai de Simba é morto pelo seu irmão Scar, e o pequeno Simba encontra seu pai estirado ao chão e, mesmo assim, suplicava para que ele se levante, uma das cenas mais marcantes em meu coração, ou então, segundo a cultura oriental de mangás e/ou animês, quando Shaka de virgem, Cavaleiro de Ouro é morto por outros três Cavaleiros do mesmo status – Saga, Kamus e Shura – com um golpe proibido, ou pior, quando Naruto fica sabendo da morte de seu mestre Jiraya-sensei, uma tristeza sem precedentes.

Depois de vislumbrar esta exaltação da dor, sentimentos e percepções derivados de um devaneio nada utópico, é que encontro um chão para pisar, frio, mas sólido, um amigo para desabafar e a imutável realidade para desbravar. E no intuito otimista de ter ao menos uma condição de esboçar um sorriso, mesmo que mecânico e amarelo, religiosamente oculto dentro do peito que vou caminhando, descalço, nu e com um semblante digno de uma imagem Sacra barroca, que busco uma garota que independentemente de ser uma qualquer ou não, somente quero a oportunidade de chamá-la de minha.


Desculpa



Prazer! Meu nome é perdão.
Um pedido por perceber,
Muitas palavras ao escrever
e soltas para se entender!!
Porque não sei o que fazer,
quando ao dizer coisas tantas,
não consigo apreender
sequer os pensamentos de escrevê-las.
Este fazer dizer no escrever
que complica meu entender,
Que faz o meu ser (eu)
erradamente perceber que,
por pensar que está confuso
o outro não a vai compreender.
E julgar assim, sem perceber
que o próximo pode compreender,
acho justo este meu nome.
Prazer! Meu nome é perdão;
Mas quem sabe desculpa.


No Compasso


Num álbum, numa foto de Orkut e lá estava ela, lembro como se fosse hoje ver sua imagem com um rostinho apertado, expressivo e vomitando alegria com seus olhinhos quase fechados e um sorriso gigante; na verdade era um comentário dela numa foto, toda nostálgica e contemplativa que lembrava os momentos de colegiais. “Olá vc aí de cima” e foi isso que eu disse logo abaixo do comentário dela, foi o melhor que conseguir e o suficiente para um diálogo.

Depois de algumas idéias trocadas/comentadas naquela foto rola o de sempre, ela me adiciona e eu a aceito; logo após da
praxe de eu dizer quem sou, o que faço e o que gosto e ela fazendo o mesmo, alguém pede o msn, o esperançoso msn. Tantas coisas ditas, um jogo de palavras, de idéias, de comportamento. Fotos e fotos de seu msn mudando e eu cada vez mais maravilhado, encantado; a cada pose dela via seu cabelo dourado de “sayajins” de uma forma; uma vez estava jogado ao vento, outra vez molhado. Era a coisa mais linda que podia ver, sonhar, enxergar.

Que gostoso era ver aquela descendência
Eslava que já ditava os compassos tortuosamente descompassados do meu coração e que, ao mesmo tempo, nitidamente dava pra imaginar seus dias de gripe ou de choro em que seu poético nariz ficava avermelhado e seus lábios ganhariam uma tonalidade fortemente “cor de carne”.

De tanto insistir em querer marcar um encontro, de poder vê-la pessoalmente e fazer uma centena de julgamentos sobre o que via naquela pele alva, de sua elegância britânica nas unhas artisticamente pintadas, em sua fissura por sapatos de salto, porém não dava certo. E casualmente quando passava de coletivo, lá estava ela sentadinha no ponto, bonitinha, cansadinha e meu ombro já coçava em se oferecer para seu repouso; e naquela “semgraceza” de nos cumprimentarmos de longe e pensar: “é você mesmo?” meus olhos tímidos se desviavam dos dela e se fixavam no ambiente cinza a nossa volta. Apesar da magia do como aconteceu, foi estranho, muito estranho; mesmo batendo somente a mão de longe eu fiquei quase apavorado, minha mão tremia como uma vara de bambu verde e transpirava como um obeso tipicamente norte-americano em seu primeiro dia de academia.

Mas era no msn que confidenciávamos vontades, gostos e gozos; de seu apreço e do meu repúdio à astrologia e o por que disso; do fascínio que tenho por mãos, de minha ovação pelo tato e tudo que envolve este sentido; e nas inúmeras conversas que já se tornavam repetitivas na qual eu automaticamente sublimava tudo o que nela me prendia a atenção e ela encantadamente ouvia aquilo como poesia e me dizia coisas boas e sugestivas é que tínhamos que nos resolver urgentemente, colorir uma amizade que começava a se desenhar.

E na expectativa dos expectadores é que nos confrontamos mais uma vez ao acaso do maldito destino e, desta vez, no teatro e com uma incontestável oportunidade de interação, estreitar a relação, ter contato físico e criar o famigerado clima e, mais uma vez nada acontece. Entre os sermões de minha platéia pessoal eu me afogava numa moral machista que foi repreendida pela timidez ou por uma incompetência bem entre quatrocentas aspas; sequer fui capaz de forçar, de mostrar, de instigar, causar, constranger e blá blá blá. Foi triste! Tinha que ser homem, ser macho, ser um ocidental, onde as iniciativas historicamente dependem de mim, onde sou o centro da {porra} deste universo.

E nesta convicção que fui ao seu encontro, para a redenção do gênero masculino, para a perpetuação da condição feminina e um final feliz. E lá estava eu, seguro, sem mais conflitos, eloqüente, sensível, terno, charmoso e todo gostoso com o cosmo a minha volta, mas ela estava distante apesar da agitação e, depois de seu expediente, fomos embora e num passeio pelas ruas provincianas de nossa cidade eu tinha que finalizar, atropelar o que me rodeava, aquele som barulhento contemporaneamente urbano, aquela órbita sem sabor que confundia meu olfato e um calor interno latente e impiedoso, em que eu tinha que me retirar (ir embora) e ela também e, num abraço unilateralmente gostoso eu tomo coragem e safadamente procuro seu ouvido, pois eu já não mais agüentava aquela frase que ouvi num filme - “Street Fighter”- A Batalha Final, onde Mr. Bizon tem a notícia que seu inimigo Guile morre e, ao receber os cumprimentos de seu súdito ele comenta: “parabéns por quê? Eu não fiz nada. Guile era um rival a minha altura, um cavalheiro, um guerreiro que tinha honra e que eu não via o dia para confrontar com ele e poder quebrar sua coluna e por ironia do destino ele morre. ‘O caminho não seguido’, por que isso tinha que acontecer”. Acho que era algo deste tipo, mas enfim, “o caminho não seguido” esta era a frase que me perseguia, que me atormentava e que cada vez mais parecia real para mim. Agora que estou tão perto, este sim é o caminho que vou seguir, eu também nunca gostei muito de Mr. Bizon; e quando digo coisas ao seu ouvido, ela me surpreende com sua inédita objetividade, chega encher os meus olhos, principalmente quando eu entendo um NÃO de sua parte; até tentei em alguns segundos argumentar, entretanto o NÃO é claramente o ponto final.

A leveza típica dos movimentos homossexuais era mais pesada que a cruz que eu não mais carregava; estou bem por não ter deixado de ser erroneamente o machista que fui educado, posso não ter tido um final feliz, mas certamente estou bem feliz por ter chegado ao final. Ainda tenho esperanças, e me espelho numa antiga frase de comercial de Shampo, “Me olha... Me olha de novo”.



Comissão de Frente

E isto é um Blog! Agora sim tenho uma pátria, um espaço, uma alegria ou quem sabe uma alergia. O espaço foi-me concebido e agora é só me endireitar, fazer parte de uma tribo e curtir a vibe do momento.

Tenho a possibilidade “autorizada” de poder até contestar a estética do arroz; discordar das diretrizes dos Sensei’s do mercado fonográfico; das intervenções familiares na escolha do meu all-star preto; evidenciar minha banda de rádio alternativa, ou não; da solidão dos meus sentimentos ou um sentimento de solidão; da sensação que os opostos nos traduzem e como um jogo na posição de palavras numa frase, tornam os extremos mais cansativamente interessantes; falar de minha poesia criptografada na minha espinha dorsal; da falta de nexo ou coerência das frases que sintetizam uma idéia; da minha rebeldia ou empatia pelas aspas da vida. Enfim, é como aquela frase de Cazuza, que certamente é uma das poucas coisas que se aproveita em seus dizeres: “ideologia, eu quero uma pra viver”, e isto traduz muita coisa, por que agora sim posso viver, pois me encaixo e tenho a “magia” a meu favor de mostrar que já estou adequado, feliz, sorridente, resplandecente, incandescente e uma infinidade de “entes” para me esbaldar.

Posso até divulgar este meu grito tipicamente de Blogueiro de adesão nada demodê em repúdio aos próprios Blog’s, normalmente os pessoais; que não deixaria de ser só mais uma crítica fervorosa daquilo que faço e/ou fazemos, algo deliciosamente
Roots. Opa! Esqueci de falar do tema mais atrativo de Blog’s, justamente o afamado conceito da simplicidade, forçadamente embutida em qualquer meandro material e abstrato deste mundo e, ao mesmo tempo, o outro lado da moeda, a intrigante complexidade ardente existente até mesmo na intenção das pontas plásticas dos cadarços. Isto sim é um Blog, tão gostoso, nojento, engraçado e chato. Já me cansei. Fim. (Tipicamente texto de Blog, faltou está bem escrito) .



Numa garimpagem excêntrica, numa tentativa rústica de identificar o desnorteio (da psique) de um outrem que, em meio a confusão da dor, do ser, do vir e do está é que buscamos os melhores contos, histórias, realidades, fantasias, dramatizações, drasticidades e a honestidade do amargo, na qual somos complacentes do contexto ímpar, porém não único da vida de um HOMEM, de sua "catarse" sentimental diante de um balcão de bar.


Rodolpho Bastos
&
Tim Pires

Afinados

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