E, hora ou outra, ela aparece. Atormentando, cutucando, machucando. Uma tristezinha grande sem fim que faz com que eu me sinta pequena, frágil. Sozinha. Daquelas que nem o (seu) abraço que faz eu me sentir deliciosamente pequena é capaz de curar. É formada por um emaranhado de sapos e palavras engolidas contra a minha vontade. E ficam ali, num lugar estratégico, emboladas entre meu estômago e meu coração.
Uma espécie de medo. Medo de ficar só. Algumas pessoas podem até achar ridículo, até porque eu mesma sei que é cedo pra isso. Sei que estou longe dos quarenta, sequer sou titia e, que tudo isso é pouco - pra ser suficiente - a ponto de mudar meu humor. Sei disso e, como sei.
Se aconteceu algo? Não, hoje não. (hoje) Não mordi o canto da boca, nem tive nenhuma frustração, prisão de ventre ou algo parecido. Sei bem o que aconteceu, mas prefiro não falar enquanto não superar. Parece que quanto mais eu falo, mais demora a passar. Como se as palavras ganhassem vida a cada vez que toco no assunto, sabe?
É, tens razão. Eu preciso (mesmo) é de falar, falar, falar. Sem parar, o mais rápido possível. E sem respirar. Porque aí eu alimento essa coisa de tal forma que ela vai crescer, crescer, crescer e morrer logo
Por: Marianne Andrade e Rodolpho Bastos